quarta-feira, 13 de junho de 2012

O poder de descobrir as cores.




Preciso secar as minhas lágrimas de trigo, a massa já se desfez, a tristeza existe, claro, mas não preciso mais me atormentar tanto com todo esse pó existente nos meus olhos.
Perdi tantas coisas que não devia, fiz tantas besteiras meu Deus, pra que ? Pra sucumbir uma ausência tola de quem nem se importa comigo, pra despertar olhares falsos prontos somente para me julgar errado, pra acabar com um sentimento que já mostrou-se sem fim, pra manchar um eu que tantos não aprovam.
Mas eu quero me mostrar verdadeiramente do alto daquela colina e quero alcançar as asas daquele avião que passa e gritar todos os abafados que consomem minha carne, já chega caramba de ficar agachada no canto escuro do meu quarto, tenho tantas luminárias, porque não usá-las agora que preciso tanto de luzes radiantes ?
Sinto-me sufocada por tantas mentiras roxas, o rosa é o tom que mais me agrada, não posso perder a mistura do vermelho com o branco, vou colorir o que for preciso para mostrar-me a todos os seres aterrorizantes que me perseguem dentro do armário. Minha garganta se abre e as inúmeras palavras voam, cada uma buscando os ouvidos certos de acordo com as explicações que precisam, quem sabe eles entendem a razão do meu calar...
Ah, se eles soubessem que meu silêncio é suportável, que é claro e compreensível e que são eles que provocam o alvoroço dentro de todo esse copo d'água.
Se eles vissem o quanto minhas palavras são em vão em alguns casos, eu carrego minhas verdades no silêncio dos meus olhos ferventes de mel de abelha, e se não percebem isso, jamais entenderão nenhuma vírgula do que ponho sob essas linhas falantes que tanto tentam decifrar.
Ora, ora meu caro amigo, se sabes me julgar porque és tão incapaz de compreender o que te digo sem palavras ?
Talvez seja porque seus olhos são manchados por tinta preta vencida, o guache não resiste a água que te banha e assim você continua manchado sem panos limpos para secarem o seu rosto que de tanto pôr máscaras  tornou-se um palhaço mesmo fora de seu picadeiro de ilusões e nebulosas fantasias.
Estou aprendendo a renunciar as propostas que só me levarão a erros futuros, não me escondo, mas também não me mostro para todos, sigo os segundos no martelar frenético de mais um dia... Se te encontrarei baby, não sei , para mim tanto faz, você não trará minhas maçãs favoritas, você não conhece o tom do vermelho que me encanta, então segue teus traços pretos que eu continuo a descobrir as cores.




Mayanne Gilnária