quinta-feira, 9 de junho de 2011

Evitando o inevitável



As nuvens não pararam de riscar o céu só porque eu desisti de olhar para elas e tentar te encontrar nos seus inúmeros desenhos que iludem. Nada mudou, o problema agora está em mim que tento a todo instante me esquivar das lembranças que unem as pontas do meu cadarço ao seu me seduzindo até eu me render e voltar a começar a contar as mesmas estrelas que nos prendiam ao centro de uma cama tão pequena que nos bastava.
Desisti de procurar sua sombra ao meu lado contornando meus passos tão errados que não mais refletem o chão que renunciou a essa forma de existência, as risadas que se colavam ao meu ouvido evaporaram-se, talvez elas ainda dancem nas nuvens, mas como eu optei por não mais procurá-las então tanto faz... A aurora perdeu o sentido.
A janela do meu quarto continua fechada, não pretendo buscar as paisagens que brincavam tão bem com sua imagem e me afagavam com uma ternura que secou, as flores já até esqueceram de renascer no jardim adormecido.
Talvez meus olhos não saibam mais identificar o que é paraíso, porque você não está me esperando no final dos temporais, sumiu com o último crepúsculo que desatinei a observar.
Não me encomoda se a madrugada está cada vez mais fria, eu queria mesmo que todos esses órgãos que se esvaem congelassem e parassem de sentir dor, essa dor miserável que me limita.
Já não consigo ter alegrias em voltar pra casa porque as montanhas continuam perto e nenhum lugar no mapa que esmago em minhas mãos possui distância o suficiente que tire de mim o amor que movimenta tudo por você, que estreita o círculo paralizado do lado de fora do mundo que evito.
Já que o tempo não passa como deveria vou te evitando no meio de todo esse embaraço que escurece minhas esperanças de um dia ter de volta tudo, inclusive você que na ausência caminha em mim mesmo com todas as minhas formas desesperadas de apagar o que já está escrito na eternidade, bem lá no alto que nunca mais ví.


Mayanne Gilnária

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