quinta-feira, 24 de março de 2011

O maior milagre.



A tarde caia montando no céu o espetáculo mais perfeito que os meus olhos perguntavam como tudo aquilo realmente poderia ser real. Eu estava lá, bem no alto de um monte onde toda a geografia daquele espaço me pertencia, me mostrava todos os pedaços do mosaico do meu velho jogo de caminhar sobre as mesmas montanhas. Pouco a pouco o cenário vestia-se de pequenas partes que colavam um pedaço meu entre os sonhos esquecidos e a realidade que ainda me confunde.
Lá de cima tudo passou a ter sentido próprio de saber ser apenas um sem precisar de muitas canetas... A lua então, tornou-se tão maior e tão mais iluminada que sua voz tocava todo meu corpo e cada vez mais me fazia sentir conectada a sua cratera tão parecida com os restos que caem do meu coração.
Ao lado, próximo de outro mundo a chuva escorria feito caneta explodida pelas mãos do escritor, era uma fase confusa que mesmo assim curava as feridas... As minhas feridas de montanhas não cicatrizadas. Tudo era parte de um mesmo espaço que eu voava parada a procura de alguém que eu já tinha visto passar por mim pouco antes de obter todas as respostas do real motivo por estar ali, me prendendo as lembranças que ele também ainda guarda. 
Não conseguia me mover muito, eu só olhava extasiada por tudo parecer tão meu... Ainda há quem diga que as borboletas não podem tocar o céu, enquanto eu vi esse milagre acontecer. 
Quando um traço laranja de um sol que repousava do outro lado cobriu minha visão eu pude ver que todos os desejos que eu coloquei na ponta de seus raios estavam a se realizar. Lá em baixo a cidade parecia tão pequena que entendi o modo como Deus olha para nós, e Ele estava tão perto que inevitavelmente as lágrimas rolaram sem dor, deslizaram em mim como bençãos e foram as maiores que recebi desde que eu comecei a conhecer e a coloca-lo em minha vida. Ah aquele monte... 
Naquele dia eu li o meu passado e vi que nada perdeu o rastro, o meu amado ainda me olha com o mesmo brilho, ainda mesmo que distantes somos um a se procurarem no mesmo lugar em que nos deixamos. As montanhas ensinam e eu aprendi o que é ser dele. 
Quando um vento cheio de estrelas balançou-me os cabelos, os fogos de artifícios tão coloridos explodiam feito vagalumes que dançavam ao longe,o roteiro da cena que se seguia tornou-se mais completo e verdadeiramente eu entendi as folhas que seguiam sabe-se lá o que, eu só as via e entendia o porque do despencar. 
Confissões foram feitas, as respostas foram estampadas nas imagens infantis que eu desenhava num tempo tão distante desse, as lágrimas tinham sabor de sagrado, as nuvens indicavam a direção certa de encontrar o amor que não se perdeu, a lua continha um feitiço que perdurará 18 anos até que ela surja e eu a veja nascer dessa forma tão esplêndida novamente, a chuva continua a curar o que ainda fere, o sol faz com que a minha montanha brilhe e me faça acreditar que ali ainda possui os meus sonhos, e aquela carta de 4 de copas encontrada por acaso jogada na rua foi o que definiu a minha sorte de ligar-me depois de tanto embaraço ao meu destino que no alto daquele monte ainda me espera para que o tão esperado sim possa ser dito dentro do nosso pra sempre que Deus voltou a escrever.


PS.: Esse foi um caso que eu vivi no dia 19.03.2011 em Carnaúba dos Dantas acompanhada por Wellika, Joniany, Mayza, Paulinho e Gersinho que compartilharam comigo do milagre mais perfeito. Tinha chuva, sol e lua todos juntos fazendo parte da mesma cordilheira que trouxeram de volta toda a esperança que um dia eu havia perdido no mesmo ponto que voltei a viver... Não só por quem me espera mas especialmente por mim que mereço. 


Mayanne Gilnária

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